“não sigo todas as regras da sociedade
não venha me dizer que sou hipócrita,
é que às vezes ajo por impulso (...)”
(EV)
Acredito que realmente não há como considerar hipocrisia o não atendimento de uma regra social porque a hipocrisia se refere ao fingimento de sentimentos bons, de virtudes e, as regras estabelecidas pela sociedade nem sempre são virtuosas e boas, aliás servem para controlar condutas e, creio, que o “controle” de per si já é maculado por algo que está longe de ser classificado como virtuoso ou advindo de bons sentimentos...
Não sou hipócrita quando manifesto uma virtude verdadeira pra mim, um bom sentimento (meu) que não seja aquele ansiado pela dita "sociedade".
Posso fingir que concorde com o que ela diz para ter um melhor trânsito (assim como 100% das pessoas assim se obrigam a fazer).
Bem, se regra social fosse receita para cultivo de sentimentos bons e manifestações de virtudes viveríamos de forma rudimentar como as primeiras sociedades, as instituições não surgiriam ou quiçá não passariam pela notória transformação que estão passando.
O “outro” (que desconheço, é inominado, é um outro institucionalizado que "determina" minha conduta) que não me diga que sou hipócrita se eu não sigo a regra social... e, infelizmente, é um hábito sermos apontados exteriormente e interiormente por este “outro” e nos “freiarmos” (ou até mesmo anularmo-nos) por causa disso
Parênteses (...e me pergunto, por que não se pemitir identificar este outro? - tema pra próxima)
Talvez a hipocrisia é negativa em relação a um "outro" nominado quando inexiste clareza e sinceridade na relação com ele e o que se sente em relação à ele.
A maior hipocrisia é aquela que pratico contra mim mesmo e contra aqueles que me amam. Mas por ser um sentimento ou uma conduta humana, por demais humana, deve ser considerada no mundo da existência e em razão disso compreender a vivência com a hipocrisia, seja o hipócrita, seja o ouvinte.
continuando... e o que seria da vida se não agíssemos por impulso também?
Fico abismado e tenho minha tranquilidade interior abalroada quando vejo se zelar pela preservação de uma regra social "por impulso", algo que absolutamente não é pertence à “naturalidade” (advindo até mesmo de um impulso puro ou próximo disso) do ser, não possua significado prático para o sujeito, mas, simplesmente protege-se a regra de forma impulsiva, não se consegue ser consciente da conduta e então velhos e maculados e inócuos hábitos são perpetuados....
acredito que uma das “Grandes Chaves” esteja no "estar consciente de" e "de mim comigo" estabelecer regras que me tragam felicidade e bem-estar, que atendam aos "impulsos" como manifestação daquilo que realmente desejo e sou... e se me disponho a conviver em sociedade que eu conviva com a hipocrisia.
O questionamento aumenta.... consigo contemplar um horizonte de vivência social cujas nuvens da hipocrisia tenham se dissipado?
Até logo.
Foto: Humano nú contemplando o horizonte.